Qual o melhor direcionamento estratégico de uma categoria como a Fórmula 1? O Bernie é o cara, sem dúvida, mas minha estreita percepção tem observado um conflito ideológico muito sério na categoria.
De um lado os anunciantes e a mídia transformam os pilotos em heróis de batalhas. Ótimos vendedores de produtos e serviços. Por outro lado a máquina que esses heróis pilotam é feita pelas equipes, que o público consumidor e pagante da festa não reconhece como heróis, exceto os ferraristas, claro.
Equipes são vistas como empresas, frias e sem o lado humano. O público conhece mesmo são os pilotos, os heróis de carne e osso, que passam por pressões, sucessos e fracassos. Esses são os caras para o público consumidor de Red Bull, Santander e outras marcas.
Como explicar para o público que seus heróis são trabalhadores contratados, com "carteiras assinadas" e estão alí a serviço das equipes, empresas que visam resultados em seus balanços financeiros.
Este conflito de hoje pode acabar "envermelhando" os balanços de amanhã.
Ou mudam o foco dos heróis na mídia, humanizando as equipes ao invés dos pilotos, ou não desmascarem os heróis em público como vem acontecendo. Herói não pode ser ameaçado de demissão e abaixar a cabeça e enfiar o rabo entre as pernas. Herói não pode deixar de lutar para ultrapassar ou para não ser ultrapassado. As equipes estão desconstruindo todo o trabalho da mídia e de uma história e tradição no automobilismo. Os heróis sempre foram os pilotos.
Assistir corrida de F1 hoje me faz lembrar de um tempo em que eu era empregado assalariado e, mesmo acreditando e defendendo a opinião de que existia uma solução melhor para um determinado problema na empresa, eu acabava cumprindo as ordens exatamente como eram dadas, pois respeitava a hierarquia e colocava minhas contas de aluguel e demais despesas da casa em primeiro plano em minhas prioridades.
A F1 precisa acertar sua estratégia logo ou seu público procurará heróis que não sejam radiocontrolados.
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