sábado, 23 de março de 2013

TESTE DRIVE M

Ontem eu dei uma passada na concessionária BMW aqui de Belo Horizonte para comprar um litro de óleo para um brinquedo de 10 cilindros e 507 cavalos que tenho, uma M5 2006. É normal que o motorzinho do modelo baixe o nível, consumindo um litro de óleo de competição, a cada 3 ou 4 mil km. 
Um detalhe em relação ao nível do óleo deste carro, é que ele é medido somente eletronicamente no painel, não existindo vareta a puxar no motor. Nunca tive coragem, mas quase sempre dá vontade de autorizar o frentista de posto a conferir o nível.  Fico imaginando se algum vai fechar o capô e dizer que está ok.

Voltando `a concessionária:
Um litro de óleo na mão, 128 reais a menos no bolso e lá vou eu em direção ao meu golzinho vermelho estacionado próximo `a vitrine principal do salão de novos. No caminho me deparo com uma M5 2013 Azul. "Imperceptível" aos aficionados pelos modelos M da marca como eu. Tem um piloto amigo do Marcas SP que diz que as 3 melhores coisas da vida são dinheiro, mulher e carro. Quem sou eu para discordar dele? Esse tipo de carro é como mulher bonita de saia curta, não tem como não olhar, a saia passa e o pescoço simplesmente obedece a ordem instintiva do portador do cromossomo y. Ordem dada, ordem cumprida. Já com o pescoço travado na direção da azulona chega a mim o gerente e me manda uma pergunta: - Claudio, ela veio da BMW para teste drive, aproveite para conhecer. Vá dar uma volta e me fale depois o que achou. 
Convite feito, convite aceito:
Fora algumas firulas mais modernas do que as da irmã mais velha, que para mim sempre ficam nos últimos lugares de prioridades a explorar, o motor e o câmbio realmente eram meus principais interesses naquele momento.

Antes de continuar, um pouco sobre os modelos M da marca:
M é a divisão esportiva da marca. Uma grande parte do que ela aprende e desenvolve em competições automobilística ela aplica nos modelos M. Os carros M priorizam a performance sem perder a competência do uso comum. Configurações de níveis de esportividade com ajustes eletrônicos de dureza de suspensão, controle de tração e mudança de mapa de injeção para ajuste de potência podem ser encontrados nos modelos M, inclusive o corte de assistência eletrônica dos itens de segurança e a não limitação de velocidade máxima a 250 km/h como é comum nos modelos de luxo das fábricas alemãs.  
Um pouco sobre as duas M5 mais novas:
Basicamente a M5 V10 tem sua mecânica originada da Fórmula 1, quando a BMW fazia parceria com a Sauber e os motores ainda eram V10 aspirados.  O motor é o V10 de 5 litros da F1 amansado, 40 válvulas, 507 cavalos (eletronicamente ajustado em 400 ou 507), torque de 52 Kgfm e câmbio borboleta de 7 marchas e embreagem mecanizada. Faz de 0 a 100 Km/h em 4,7 segundos. O corte de giro acontece após 8.250 rpm e o giro alto é maravilhoso para a audição de apaixonados como eu. Em túneis não há como não se arrepiar com o giro acima dos 5 mil, nos 8 mil então...
Quando do lançamento do modelo, ele foi considerado o sedã mais rápido do mundo, alcançando a velocidade final de 330 km/h.

A nova M5 tem um motor V8, seguindo uma tendência da marca de motores menores e turbo-alimentados, na verdade dois turbos que chicoteiam os 560 cavalos para trabalharem com torque de até incríveis 69,1 Kgfm quando o pé direito procura o porão. A embreagem é no sistema de dupla embreagem, uma marcha trabalhando e a próxima já engatada para ganhar tempo na próxima mudança, um avanço em relação ao modelo anterior. A irmã mais nova promete um tempo de 4,3 segundos de 0 a 100 km/h e pelo que pude perceber deve cumprir com folga esse compromisso.

Voltando ao teste:
Termo de responsabilidade assinado, e logo pergunto pelo capacete ao vendedor que irá me acompanhar. Só para prepara-lo.
Posiciono o carro para sair para a rua e, antes, solicito ao vendedor que me ajude no ajuste do corte do controle de tração. Ele já estranha mas promove o ajuste na tela. No volante, ao contrário de um botão M como tem na 10 cilindros, a nova tem dois botões M. Você programa os ajustes que deseja ter quando acionar cada botão M. Na M5 que tenho eu deixo a programação do meu botão M  com o corte do controle de tração, chamo os 507 cavalos para trabalharem, endureço a suspensão no terceiro nível que é o máximo, ativo o ajuste de "abraço" elétrico dos bancos dianteiros para piloto e passageiro não escorregarem no banco durante as curvas e mais alguma firula menos importante. 
Pois bem, ajustamos o controle de tração para o mod Off e saí. Ah, um cliente da concessionária que já tinha dirigido o modelo aproveitou para vir junto, no banco de trás.  Observei que ela é mais mansa nas manobras e arrancadas normais do que a V10, a nova é mais suave. A V10 parece mais bruta nas arrancadas lentas. Saí suave e logo em seguida dei uma pisada para sentir a patada na traseira. A patada veio mas esperava um destracionamento que não aconteceu, ao invés disso a luz de controle de tração ascendendo. Parei o carro e busquei novamente o ajuste, e lá estava off para o controle de tração. Resolvi, então aplica-lo no segundo botão M. Agora sim? Experimentei num trecho seguro, esperando o destracionamento e... nada. A maldita luz de controle de tração piscando. O vendedor achou meio estranho a minha vontade de acelerar sem o controle e o cliente se empolgou, achando que umas pequenas escapadas da traseira já significavam o controle desligado.
Por fim, desisti de desacionar o controle. Não sei se o vendedor não sabia algum macete, mas eu não tinha tempo de consultar o manual e promover o ajuste. Voltei ao normal e percebi a eficiência do motor e câmbio. Em diversas faixas de giro não existe variações absurdas de potência como comumente acontece em carros turbo-alimentados. O primeiro turbo atua em baixa e o segundo trabalha em faixas mais altas de giro, gerando conforto, eficiência e economia.
O câmbio de dupla embreagem foi outro ganho de eficiência, que aliado a redução do peso do motor, ao ganho de 53 cavalos e 17 Kgfm de torque, ajudaram a nova M5 a baixar 0,4 segundos entre de 0 e 100 km / h. 

Em resumo, o carro é mais um absurdo, um pouco mais absurdo que sua irmã mais velha. Faltou o lado da brincadeira com a aderência, que usada com a devida segurança pode divertir quem gosta de domar cavalos bravos. Mas mesmo sem esse lado, acho que aproveitei o carro e de quebra posso ter ajudado o vendedor a faturar. 
Logo após o teste, conversei muito com o cliente interessado que foi no banco de trás. Ele me perguntou e eu passei-lhe minhas impressões sobre o novo modelo e de minha experiência com o modelo V10 que tenho. Ele me disse que estava com receio em trocar um modelo com tração integral por aquele nervoso de tração traseira. Meu lado vendedor não se conteve nesse momento e despejei um arsenal de argumentos a favor da compra da nova M5, pois notei a necessidade de esportividade por parte do cliente. Percebi que ele se empolgou muito com minha argumentação, mas não fiquei para ver o desfecho com o vendedor.

Acho que vou passar na concessionária depois só para ver se a venda foi realmente concretizada, será um bom feedback para meu ego vendedor.

Não tenho o dinheiro para comprar uma nova dessa e não sei se teria coragem  em pagar os 520 mil que estão ofertando pelo modelo (segundo o vendedor, na tabela é, ou era, 560 mil, não conferi). 

A M5 que tenho, comprei usada e estou plenamente satisfeito com o que ela me oferece, inclusive e muito importante também, é seu custo, que fica menos de um terço do custo da que testei. Quando se pensa na enorme distancia de valor entre as duas, a que testei e a que tenho, sendo que com o preço da nova compra-se três da minha e ainda sobra troco, fico com a plena certeza de que fiz um bom negócio e que meu relacionamento segue em plena e firme paixão pela minha alemã de cor preta. Se alguém contar a ela sobre minha escapada com a azulona, direi que foi um lance sem importância, apenas um teste drive.

2 comentários:

  1. Claudio meu amigo, sei bem o que fala, pois eu tive uma M 335i com 306CV biturbo, este carro foi adquirido zero km e ja com kit M de fabrica, voce ja teve oportunidade de ve-lo algumas vezes comigo em Interlagos, confesso que os recursos eletronicos e a potencia da barata mexe com os animos da pessoa, conincidentemente ao seu assunto da mediçao do oleo, isso aconteceu aqui perto de casa comigo onde deixei o carro para lavar e verificar todos os niveis, obviamente o atendente nao achou a vareta de mediçao do oleo e depois veio me perguntar como eu fazia para medir, ai solictamente mostrei ao mesmo no painel, ele ficou meio que sem acreditar, mas é uma maravilha. A velocidade maxima que eu atingi foi 280 Km/h, mas ainda tinha mais, confesso que fiquei com medo devido ser uma estrada nao indicada, e ai o perigo aumenta potencialmente, o cambio sequencial é uma loucura, enfim a marca merece todos os creditos, só acho que os modelos usados perdem muito valor em pouco tempo.
    A estabilidade com os pneus run flat (blindados) é uma maravilha embora custe em torno de R$ 2.000,00 cada unidade e o mesmo nao possui estepe, embora caro ja se mostrou muito eficiente em ocasiao onde estourou um deles a 180KM/h e so percebi porque indicou imediatamente "falta de pressao" no painel do veiculo. Simplesmente um brinquedo espetacular.

    Parabens!!!

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  2. Jefferson Gomes

    OBS: esqueci de colocar meu nome na publicaçao.

    Abs

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