sábado, 4 de janeiro de 2014

PISCINAS E DESINFORMAÇÕES QUE MATAM

Era meados de janeiro de 1990. Lá se vão 24 anos. Verão seco na cidade de Inimutaba, no cerrado mineiro. A Fazenda era a Canta Galo, nome que marcava as fazendas do meu tio que gostava de terras e cavalos.

Nos feriados e férias a fazenda de meu tio, onde invariavelmente minha avó era a gerente do empreendimento, atraia os amigos e a parentada de primeiro, segundo e sei lá quantos grau mais.

- Ô Nem (Nem era meu apelido para minha vó), essa aqui é a fulana, filha de beltrano mais ciclana, que mora na rua do capa mosquito (na cidade de Sabinópolis), lembra dela?

É um exemplo de como minha adorada avó me apresentava seus conhecidos e parentes distantes dos quais, normalmente, não haviam mais registros em meu seletivo hd neural.
Rua do capa mosquito, rua do buraco do meio, sei que tem mais alguns nomes bem bacanas de ruas que não me vieram da memória agora, mas o assunto nem é este. Bora pra piscina.

Pois bem... verão, família reunida, churrasco, sauna, cerveja, cavalo, jogatina, música alta e piscina. Muitas crianças. Entre elas, um sobrinho e afilhado, que nasceu neste mesmo dia de hoje, 04 de janeiro, no ano de 1985. Sol forte, tempo seco, alegria geral rolando e este sobrinho puxaria a tomada geral da festa. Ele, com seus 5 anos recém completados, já nadador que era, entre tantas brincadeiras relacionadas ao mergulho na piscina (buscar moeda, tampinha, passar embaixo das pernas...), ele resolveu variar. Resolveu colocar a mão no ralo de sucção da bomba de filtragem da piscina. Pois é... a bomba estava ligada, ele ficou preso pela sucção e não conseguiu se soltar. O garoto só foi retirado quando uma das amigas da família, que também nadava, pisou nas costas dele.
Foi um auê que, invariavelmente, eu me lembro em todo dia 04 de janeiro.
Coincidência ou não, hoje eu li duas matérias de casos quase idênticos. Uma de ontem em Caldas Novas-Goiás e outra de hoje em Belo Horizonte-Minas Gerais:


Depois do acidente com meu sobrinho eu mudei muito a forma de ver piscinas. Especialmente quando estão relacionadas `as crianças. Passei a observar se a bomba de filtragem está acionada (normalmente está), onde fica o ralo e passei a alertar as crianças sobre os perigos relacionados aos ralos. Pés, mãos e cabelos devem ficar longe deles.

Este é um problema em que a mídia poderia colaborar mais ao aprofundar as matérias até as causas e, por fim, cobrar das autoridades o assunto para a matéria da punição dos responsáveis.  O assunto é triste, tem causas idiotas e soluções simples. Informação é o primeiro passo.

Sobre meu sobrinho, após detectar seu estado desfalecido e sua parada respiratória, executei minhas precárias tentativas de reanima-lo com respiração boca a boca. Sem sucesso. Enquanto eu buscava o carro, na tentativa interiormente já condenada de buscar socorro médico, seu pai, numa mistura de desespero e fé, sacudiu tanto o garoto que ele vomitou quase uma caixa d'água e hoje goza de ótima saúde para alegria de todos nós que o amamos.

Tivemos sorte. Os garotos e as famílias acima, infelizmente, não.

Um comentário:

  1. Ufa porque não falou logo , tive q ler ate o final pra acabar o suspense seu viado ... Wilton Pena...

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