domingo, 19 de junho de 2011

BATIDA FORTE

ATITUDE ANTIESPORTIVA,
INVEJA,
MACHISMO,
FALTA DE CARÁTER,
DESRESPEITO À VIDA...
UMA MULHER LARGAR NA FRENTE DE 60 HOMENS?!?!
UMA MULHER LARGAR NA POLE POSITION?!?!
POR QUE DEIXAR???

O texto acima é parte da introdução de um vídeo produzido e publicado no You Tube, pelo piloto Marcelo Zebra, da categoria Clássicos de Competição, com as imagens captadas pela câmera on board do carro da Michelle Jesus/33, quando ela foi envolvida num acidente que impressionou a todos que viram a colisão e aqueles que viram somente o seu carro destruído.

Emoção normalmente não ajuda em decisões de julgamento. Nas querelas de corridas não haveria de ser diferente. Amizades dão mais peso às avaliações favoráveis aos amigos, bem como também o contrário acontece com os menos afetivo simpatizantes. O histórico também pesa nas avaliações: os que se envolvem em possibilidades de litígios com mais frequência normalmente são prejulgados como culpados com mais facilidade. Somos todos rotulantes uns dos outros, resumimos a todos e os enquadramos em pastas. Faz parte de nossa herança evolutiva, analizarmos um ambiente para concluirmos rapidamente o que é, ou quem é, caça ou caçador. Nosso "processador" original não comporta grandes análises para concluir tantas informações em tempo suficiente para situações de risco. O tempo é precioso no risco. Somos produto de uma evolução que passou por inúmeras provas de interpretações para a sobrevivência. Nosso instinto é dualista e busca a classificação rápida de tudo ao nosso redor em alta velocidade: Bom ou Ruim, Sim ou Não, Certo ou Errado, Yin e Yang, Bem ou Mau, Positivo ou Negativo, Caça ou Caçador ...

Somos seres complexos demais para nos deixar conduzir por instintos tão primitivos, que seriam e são muito úteis em situação de risco, mas que no convívio civilizado pode nos prejudicar ao nos diminuir em resumos tão simplistas e incompletos.

Outro fato que vem aguçando os ânimos é de que as imagens de vídeo estão cada vez mais presentes nas provas. Há pouco tempo atrás não tínhamos tantas informações vindas de câmeras como temos hoje. Antes haviam poucas testemunhas e várias versões. Somente criticar quem analisa os fatos é fácil. Avaliar lances rápidos é tão difícil que até os comentaristas de futebol da Globo esperam o replay para poderem comentar. O ex-arbitro de futebol, Arnaldo Cézar Coelho, sempre diz que a regra é clara, mas ele sempre espera o replay para dar sua opinião. A regra realmente pode ser clara, mas dizer o que realmente aconteceu tendo visto uma vez e a certa distância e posição... O certo é que temos um juiz, o Diretor de Prova, que está no autódromo para julgar os lances, e conta com seus auxiliares na pista para avaliar cada situação passível de punição, constante no regulamento desportivo. O número de olhos, julgadores auxiliares ao diretor, numa corrida de 15 carros é o mesmo para a nossa que chega a 62 carros. Esperar a mesma qualidade de justiça numa corrida com 4 vezes mais carros e o mesmo número de comissários é esperar demais. Com tantas câmeras julgando os juízes hoje em dia é fácil ver como nossas corridas estão cheias de impunidades. Por outro lado, a federação tem se aberto a análises dos fatos por vídeos apresentados logo após as provas. Essa é a tendência e a possibilidade que nos resta de promovermos a finalização das querelas ocorridas a cada etapa, findando as impunidades e a transferência de indisposições de uma etapa para outra.

A falta de penalizações ou credibilidade dos julgamentos, ao invés de encerrar as questões, acabam dando prazo de validade indeterminado aos sentimentos de ofensas por parte dos que se sentiram injustiçados e prejudicados. Cada incidente de uma prova é lenha que o piloto prejudicado e seus simpatizantes carregam para alimentar o fogo numa próxima situação em que seu adversário faltoso se envolver. 

No acidente da 5a etapa envolvendo os carros, 27, 31 e 33 existem teorias e julgamentos para todas os gostos, regulamentos e amizades. 

A proporção irada que a situação tomou no citado vídeo, saiu do razoável. Erros acontecem e todos nós estamos sujeitos a cometê-los. Se o 33 mudou ou não de trajetória, se o 27 deveria ou não tirar o pé, sei lá mais o quê, fica secundário diante de tanto escorrego no peso da avaliação sobre o, ou os, pilotos da categoria.

Se o autor queria dar uma força à Michelle, acho que a força está servindo para afundá-la numa interpretação errada das pessoas que a cercam e que ele, com certeza, não conhece. O momento é de levar paz à pilota.

Minha admiração pela pilota, ela conhece, é pública e não é de hoje. Torço pela sua continuidade na categoria e na minha equipe.

Avaliações instintivas no calor das emoções justificam o nosso lado animal e devem ser minimizadas. Seu prolongamento não faz sentido ao bom senso.

Segue o vídeo:

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